top of page

 

O acompanhante terapêutico (at) é um profissional de saúde que fez curso de capacitação para esta respectiva função e, digamos assim, tem certo gosto por ser testado na sua espontaneidade-criativa para eventual manejo de situações inesperadas. Afinal, fora do contexto seguro de um consultório ou instituição o número de variáveis com que se depara e tem de lidar é exponencialmente maior.

 

Exatamente por ser tão versátil, muitas vezes o serviço pode parecer ou até mesmo se “disfarçar” (propositadamente e temporariamente) de outras ocupações, mas o at em essência não deve ser confundido com: enfermeiro, bedel, motorista, terapeuta, amigo, etc. Para se proteger destes possíveis desentendimentos, acompanhante, acompanhado e eventuais financiadores do serviço devem ter muito claro para quê serve o at e qual é o objetivo específico do respectivo acompanhamento – ou seja, estabelecer um bom contrato terapêutico.

Apesar das metas serrem construídas artesanalmente levando em conta as especificidades de cada caso, estas tenderão a dar ênfase em fatores como protagonismo do sujeito, saúde mental, inclusão social e ampliação de liberdade com responsabilidade.

 

Dentro do arsenal instrumental do at está acima de tudo o vínculo que se configura entre acompanhante-acompanhado e a ação que ambos desempenham juntos. O at se torna um modelo de confiança de como manejar as circunstâncias sociais e administrativas da vida na medida em que com o acompanhado constroem experiências. O at também pode ora dirigir uma proposta de atividade, ora ser dirigido pelo acompanhado, buscando como meta sempre o maior grau possível de autonomia deste.

 

O prejuízo da sociabilidade do acompanhado pode variar de uma timidez ou desinteresse crônico até uma “inadequação” ou fobia social, não raro decorrente de problemas físicos, psicológicos, mentais, sociais ou de dependência química. Nos casos de maior comprometimento do acompanhado, o at, junto no enfrentamento social, poderá se voltar também para a sensibilização, orientação ou simplesmente legitimação da habilidade da comunidade em lidar com este.

Finalizo ressaltando esta última que, a meu ver, é uma das características mais bonitas deste trabalho e raramente devidamente pontuada: o privilégio de participar da transformação de pessoas da comunidade que se descobrem tolerantes e interessadas por indivíduos que por vezes podem se apresentar e interagir de uma maneira socialmente não convencional. Estas constituem verdadeiras marcações da construção de uma sociedade mais madura, justa e inclusiva. 

 

QUER SABER MAIS? PROCURE: GULASSA, D. C. R. - Articulações entre Saúde Mental e Psicodrama a Partir do Acompanhamento Terapêutico em Instituição Psiquiátrica. Trabalho para obtenção do título de psicodramatista: SOPSP, 2006.

Acompanhamento terapêutico: uma intervenção de múltiplo alcance

Publicado originalmente no site da Sociedade de Psicodrama de São Paulo (SOPSP) - 2013/2015. Daniel Gulassa.

 

 

 

O acompanhamento terapêutico é um recurso que conquista cada vez mais reconhecimento por especialistas em saúde por sua versatilidade e eficácia na inclusão social. No entanto, este é ainda desconhecido do público em geral. Sua característica mais marcante provavelmente seja a possibilidade de circulação por qualquer espaço – conhecidos ou novos – do sujeito acompanhado. Seu foco mais recorrente, a ampliação/diversificação da vida social e a autonomia deste.

 

A demanda inicial pode envolver alguma situação de crise ou de cronicidade e estagnação nos projetos de vida do sujeito. As possibilidades são inúmeras: ajudar o acompanhado arrumar o quarto ou organizar uma rotina saudável, enfrentar um processo de transição ou desinstitucionalização difícil, uma viagem, buscar emprego, descobrir novos interesses na área de lazer/atividade física, entre outros.

​​danielgulassa@hotmail.com - tel. (11) 34425752 - R. Monte Alegre, 428, cj.76 - SP - capital. Copyright © 2012/2018 Daniel Gulassa. Reprodução com citação da fonte.

Please reload

bottom of page